
Com o avanço da tecnologia, a permanência de humanos em Marte para coleta de amostras e pesquisa é uma realidade. Mark Watney (Matt Damon) é um dos membros da equipe de astronautas que está em missão no local. Com a base de pesquisa sendo assolada por uma violenta tempestade, os pesquisadores são obrigados a abandonar o planeta. Desafortunado, Watney é deixado para trás, supostamente morto no fenômeno climático.
Sozinho, com suprimentos limitados, Watney não fica se lamentando de sua má sorte. Ele tem total noção da realidade que o espera e resolve lutar pela sobrevivência, empregando sua inteligência para pensar formas de aumentar os suprimentos, de se locomover, de se aquecer... É uma inteligência pautada por soluções altamente inventivas e cientificamente plausíveis.
Ao contrário do personagem de Hanks, que começa a perder a sanidade ao conversar com uma bola de vôlei (quem não se lembra do famoso Wilson), Mark Watney mantém o foco nas soluções dos problemas. Matt Damon brilha em seu monólogo, encarnando um homem espirituoso, determinado e que causa empatia por seu jeito simples de ser. Mesmo perdido em um ambiente hostil, com todas as probabilidades indicando um final trágico, ele brinca com a situação (muitas vezes de forma sarcástica).
O roteirista Drew Goddard consegue inserir esse humor em momentos oportunos da narrativa. Quando a trama passa para a Terra, com as tentativas da NASA de resgatar o astronauta, os personagens bebem dessa fonte e deixam o tom mais descontraído. No entanto, o importante é o resgate, e os diálogos entre os membros da empresa de exploração espacial, interpretados por Jeff Daniels, Chiwetel Ejiofor, Sean Bean, entre outros, são bem construídos na base técnica de uma situação como esta.
O filme foi gravado, em grande parte, no sul da Jordânia, mais especificamente em Wadi Run, local conhecido como Vale da Lua e utilizado para produções do gênero. A escassez natural da região e a fotografia, que reproduz com excelência a dimensão do planeta, transmitem a gradual dificuldade que o sobrevivente enfrenta a cada ato do filme.
Para variar, o diretor Ridley Scott ainda completa a filmagem alternando entre imagens de satélite, de aeronaves, veículos, instalações interplanetárias e de um vídeo que Watney grava como um diário. Com isso, o diretor não deixa que a montagem fique repetitiva, acrescenta veracidade e aproxima o personagem de quem o acompanha em sua jornada.
Com uma duração de mais de duas horas e uma premissa difícil de abordar de forma a manter o interesse do público durante toda a projeção, o longa poderia ser arrastado e chato. A parceria entre Goddard, o diretor Ridley Scott e o ótimo trabalho de Matt Damon desfazem essa dificuldade rapidamente, pois não só mantém o interesse, como produz uma ficção inteligente, divertida e construtiva. Para quem achou que Prometheus não foi um bom momento de Scott no gênero, eis o seu retorno ao território que ele conhece tão bem.
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