quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Perdido em Marte - Crítica

Cristiano Almeida

Perdido em Marte (The Martian) é a adaptação do livro homônimo escrito pelo americano Andy Weir. Com uma proposta semelhante a Náufrago, estrelado por Tom Hanks, o filme apresenta o protagonista lutando para sobreviver em um ambiente completamente desfavorável. No exemplo, a sobrevivência ocorria numa ilha deserta, na adaptação - como o próprio título sugere - temos uma trama no planeta vermelho.

Com o avanço da tecnologia, a permanência de humanos em Marte para coleta de amostras e pesquisa é uma realidade. Mark Watney (Matt Damon) é um dos membros da equipe de astronautas que está em missão no local. Com a base de pesquisa sendo assolada por uma violenta tempestade, os pesquisadores são obrigados a abandonar o planeta. Desafortunado, Watney é deixado para trás, supostamente morto no fenômeno climático.

Sozinho, com suprimentos limitados, Watney não fica se lamentando de sua má sorte. Ele tem total noção da realidade que o espera e resolve lutar pela sobrevivência, empregando sua inteligência para pensar formas de aumentar os suprimentos, de se locomover, de se aquecer... É uma inteligência pautada por soluções altamente inventivas e cientificamente plausíveis.

Ao contrário do personagem de Hanks, que começa a perder a sanidade ao conversar com uma bola de vôlei (quem não se lembra do famoso Wilson), Mark Watney mantém o foco nas soluções dos problemas. Matt Damon brilha em seu monólogo, encarnando um homem espirituoso, determinado e  que causa empatia por seu jeito simples de ser. Mesmo perdido em um ambiente hostil, com todas as probabilidades indicando um final trágico, ele brinca com a situação (muitas vezes de forma sarcástica).

O roteirista Drew Goddard consegue inserir esse humor em momentos oportunos da narrativa. Quando a trama passa para a Terra, com as tentativas da NASA de resgatar o astronauta, os personagens bebem dessa fonte e deixam o tom mais descontraído. No entanto, o importante é o resgate, e os diálogos entre os membros da empresa de exploração espacial, interpretados por Jeff Daniels, Chiwetel Ejiofor, Sean Bean, entre outros, são bem construídos na base técnica de uma situação como esta.

O filme foi gravado, em grande parte, no sul da Jordânia, mais especificamente em Wadi Run, local conhecido como Vale da Lua e utilizado para produções do gênero. A escassez natural da região e a fotografia, que reproduz com excelência a dimensão do planeta, transmitem a gradual dificuldade que o sobrevivente enfrenta a cada ato do filme.

Para variar, o diretor Ridley Scott ainda completa a filmagem alternando entre imagens de satélite, de aeronaves, veículos, instalações interplanetárias e de um vídeo que Watney grava como um diário. Com isso, o diretor não deixa que a montagem fique repetitiva, acrescenta veracidade e aproxima o personagem de quem o acompanha em sua jornada.

Com uma duração de mais de duas horas e uma premissa difícil de abordar de forma a manter o interesse do público durante toda a projeção, o longa  poderia ser arrastado e chato. A parceria entre Goddard, o diretor Ridley Scott e o ótimo trabalho de Matt Damon desfazem essa dificuldade rapidamente, pois não só mantém o interesse, como produz uma ficção inteligente, divertida e construtiva. Para quem achou que Prometheus não foi um bom momento de Scott no gênero, eis o seu retorno ao território que ele conhece tão bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Editor

Minha foto
Jornalista apaixonado por cinema. Idealizou o blog com o desejo de partilhar as maravilhas da Sétima Arte com outros cinéfilos e quem mais se interessar pelo assunto.